O Público faz 20 anos. Se em 1990 o projecto fundador fazia todo o sentido, hoje então é fundamental. Uma espécie de farol no cada vez mais decadente jornalismo nacional. A total recusa do sensacionalismo enquanto escola, a independência face aos poderes instituídos, o rigor com que trata a matéria noticiada e a análise que faz dos factos transformam-no simplesmente no diário mais delicioso do pobre panorama da imprensa portuguesa.
Já aqui chorei diversas vezes o agoniar da servil imprensa regional. Mas se o meu discurso pode ser colado à esquerda, deixo aqui as palavras insuspeitas de alguém com quem tenho pouco em comum, materialmente e valorativamente. Fica então a prosa de Belmiro de Azevedo com a receita ideal para um jornalismo sério e ao mesmo tempo economicamente viável:
“E eu posso facilmente satisfazer todos os que procuram a receita ideal para uma saudável relação entre o accionista e a edição: os poderes vão e vêm; basta ignorar os pedidos, os protestos, as pressões, as retaliações e as ameaças, e continuar a exigir aos gestores e aos jornalistas que façam do rigor profissional e da sustentabilidade económica do jornal a garantia mais segura da sua independência e da sua longevidade” (Público, 05/03/2010)
Olhando para Viseu e lendo os nossos jornais podemos verificar que tais princípios não existem. Talvez também porque nem todos os “poderes vão e vêm” como afirma o empresário. Há sempre uns quantos que se eternizam, e à imprensa reserva-se o papel de os entronizar. Em bom português, e sem acordo ortográfico, um verdadeiro beija-mão.
Já aqui chorei diversas vezes o agoniar da servil imprensa regional. Mas se o meu discurso pode ser colado à esquerda, deixo aqui as palavras insuspeitas de alguém com quem tenho pouco em comum, materialmente e valorativamente. Fica então a prosa de Belmiro de Azevedo com a receita ideal para um jornalismo sério e ao mesmo tempo economicamente viável:
“E eu posso facilmente satisfazer todos os que procuram a receita ideal para uma saudável relação entre o accionista e a edição: os poderes vão e vêm; basta ignorar os pedidos, os protestos, as pressões, as retaliações e as ameaças, e continuar a exigir aos gestores e aos jornalistas que façam do rigor profissional e da sustentabilidade económica do jornal a garantia mais segura da sua independência e da sua longevidade” (Público, 05/03/2010)
Olhando para Viseu e lendo os nossos jornais podemos verificar que tais princípios não existem. Talvez também porque nem todos os “poderes vão e vêm” como afirma o empresário. Há sempre uns quantos que se eternizam, e à imprensa reserva-se o papel de os entronizar. Em bom português, e sem acordo ortográfico, um verdadeiro beija-mão.
8 de março de 2010 às 19:02
Realmente o Público é o único jornal que ainda consegue um mínimo de ética. -até o DN com o recente director se deixpu ir na onda do sensacionalismo.
cps
11 de março de 2010 às 17:44
Comprava o Público todos os dias, mas fartei-me.
Fartei-me porque não basta alimentar o espírito com o internacionalismo, este público não tem noticias locais!
Sim o público também tem pressões...
Quando se acompanha diariamente um jornal como o público dá para se aperceber de "pequenos" pormenores.
São subtis na maneira como influenciam.
Lembro-me de uma notícia sobre o referendo na Catalunha onde 94,71% dos votantes são favoráveis à independência...
Num dia tínhamos uma notícia digna, no dia a seguir outra noticia (e não opinião) que quase desmentia os resultados...
Será que até o consulado espanhol consegue mexer os tentáculos?
Pois deixo a reflexão para não colocar este mesmo jornal sobre a influência de x ou y...
Não existe imprensa 100% imparcial...
Agora em relação ao sensacionalismo concordo, basta ver que é o jornal com menos páginas dedicadas ao Futebol! ahahah
13 de abril de 2010 às 14:11
100% imparcial não existe, de facto. Mas pelo menos vai tentando e não foi ao beija-mão, resultando em perdas de receitas publicitárias provenientes do governo ou instrumentalizáveis por este.
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