Há dias em que a morte sai à rua assim, sem pré-aviso, sem se anunciar. Amado ou odiado, idolatrado ou amesquinhado, Saramago continuou fiel a si mesmo, tomando partido, agitando consensos podres, usando muitas vezes a pena enquanto espada no seu estilo único e peculiar.
Uma coisa ninguém lhe pode tirar (apesar de muitos tudo terem feito para que não o conseguisse): foi o único português a vencer o Nobel da Literatura.
A Língua portuguesa fica assim mais pobre. À família, amigos, colegas e camaradas fica a certeza de que mesmo sendo ateu, imortalizou-se através da sua obra e será perpetuado na memória de um país que lhe foi demasiadas vezes ingrato.
José Saramago, 1922-2010.
Uma coisa ninguém lhe pode tirar (apesar de muitos tudo terem feito para que não o conseguisse): foi o único português a vencer o Nobel da Literatura.
A Língua portuguesa fica assim mais pobre. À família, amigos, colegas e camaradas fica a certeza de que mesmo sendo ateu, imortalizou-se através da sua obra e será perpetuado na memória de um país que lhe foi demasiadas vezes ingrato.
José Saramago, 1922-2010.
20 de junho de 2010 às 22:54
te recordaremos sempre Saramago !
21 de junho de 2010 às 02:19
Saramago
A morte de Saramago transformou-se na canonização de Saramago. Este desporto lusitano sempre me pareceu uma paradoxal forma de desrespeito pelo defunto: uma vida pública pressupõe feitos e falhas.
Os feitos estão nos livros: ‘O Ano da Morte de Ricardo Reis’ ou o recentíssimo ‘A Viagem do Elefante’ oferecem páginas que merecem ser lidas por qualquer cultor ou leitor da língua. E, ao contrário do que certa direita apedeuta defende, Saramago era, com Fernando Pessoa, o único escritor português de estatuto universal. E não apenas nas livrarias do Terceiro Mundo (onde, de facto, era um deus).
Mas nada disto deve ocultar as falhas e transformar Saramago no que ele nunca foi: um ‘democrata’ e um lutador pela ‘liberdade’. Excepto se reduzirmos a ‘democracia’ e a ‘liberdade’ à exacta cartilha marxista-leninista que, só no século XX, produziu um cortejo de desumanidade, miséria e cadáveres. Uma cartilha a que Saramago nunca renunciou – e com visível orgulho.
Honrar Saramago é lembrar a sua biografia toda. Não é fazer com ela o que Estaline fazia com os retratos dos seus inimigos.
J.P.C
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