Viseu Esquerda

O TRIUNFO DOS PORCOS NO ESPETO - Análise dos resultados autárquicos por Carlos Vieira


Carlos Vieira, único deputado municipal eleito pelo Bloco de Esquerda em viseu, esmiúça aqui os resultados das autárquicas.

" Fernando Ruas está de parabéns. A maioria absoluta dos eleitores do concelho reconheceu nas urnas a obra absolutamente única do seu presidente, ao fim de vinte anos de poder autárquico. Única não, porque para além da gestão do big-bang imobiliário que criou novas centralidades, permitindo aos viseenses fugir de um centro histórico decadente, com um terço das casas degradadas ou em ruínas (números da autarquia), que só agrada aos turistas porque dá um ar medieval e não moram lá, onde nem sequer se pode estacionar o carro, Fernando Ruas ainda permitiu a criação de um anel de grandes superfícies à volta de Viseu, como não se vê em mais nenhuma cidade do país ou da Europa, onde podemos passear nos sábados à tarde e nos dias de chuva, sem nos molharmos. Assim, fez com que fossem à falência muitos pequenos comerciantes, o que teve a vantagem de baixar o preço de aluguer dos espaços comerciais.

Para além disto, ainda conseguiu gerir a autarquia com “rigor e competência”, como prova o Jornal de Negócios de hoje, 15 de Outubro, que inclui Viseu nas 38 autarquias que têm um peso excessivo dos impostos sobre o património (IMI e IMT) nas suas receitas, segundo o aviso do grupo de trabalho para a revisão do sistema fiscal português, que considera a situação perto do “limiar crítico”.

Notável foi ainda a capacidade de desbaratar, perdão, de capturar os milhões de euros que a União Europeia e o Estado português puseram á disposição do município no âmbito do Programa Polis, dinheiro que, de uma forma ou de outra, é pago por todos nós, até porque há uma comparticipação da autarquia. Só mesmo os radicais de esquerda do Bloco é que podem dizer que as únicas obras decentes levadas a cabo pela Sociedade ViseuPolis, foram o Parque Linear do Pavia e a Ecopista. Só a inveja e a maledicência é que podem acusar os executivos liderados por Fernando Ruas de deixar uma herança maldita, assim elencada:

* Na Cava de Viriato gastou-se dinheiro no seu desvirtuamento, criando obstáculos à mobilidade dos visitantes, dinheiro que já não chegou para o Centro de Interpretação, principal equipamento para atrair turistas e estudiosos a um monumento único na Europa, nem para o Parque Urbano da Aguieira.
* A Praça de S. Mateus, transformada numa enorme eira de granito ou num redil (ao menos o parque de estacionamento dar-lhe-á utilidade);
* Um Túnel de Viriato, caríssimo, que só serviu para transferir um estrangulamento de trânsito da rotunda de Viriato para a rotunda da “Fonte Cibernética”;
* Um pavilhão multiusos que mais parece um barracão de má qualidade, ou um enorme contentor, sem uso permanente para a comunidade;
* O jardim da Ribeira destruído (nunca mais ali se viram a tirar fotografias os noivos que se casam na Igreja da Nossa Senhora da Conceição);
* Um megalómano funicular de quase seis milhões de euros que provocou acidentes e reduziu a segurança e a mobilidade na Rua Ponte de Pau , quando o projecto original do arquitecto Manuel Salgado, uma passadeira rolante, ficaria muito mais barato e promoveria a circulação de bicicletas por toda a urbe (a autarquia até poderia alugá-las como se faz em muitas cidades e até na nossa, no Fórum Viseu).



Naturalmente que há sempre velhos do Restelo que se recusam a ir à Quinta da Malafaia e não admitem que a reabilitação do centro histórico esteja com vinte anos de atraso, nem compreendem a visão estratégica de homens de dimensão invulgar. Fernando Ruas anunciou, pouco antes das eleições autárquicas, que o funicular poderia ficar à borla durante quatro anos (já não durante apenas um ano, como inicialmente previsto, mas quatro). Claro que os viseenses não se importarão de pagar com os seus impostos e taxas os ordenados de nove pessoas (seis funcionários da empresa Berrelhas e três da Efacec), fora as outras despesas de manutenção, durante quatro anos se isso servir para as carruagens não ficarem paradas a enferrujar nas estações logo que os bilhetes passassem para os anunciados dois euros.

Pena foi que o nosso mui querido e amado presidente não tivesse confiado mais na fidelidade dos viseenses, evitando assim gastar dinheiro com os cartazes gigantes (outdoors) com a sua fotografia, às vezes dois e três à volta da mesma rotunda, ou com os jornais de distribuição maciça, deixados às dezenas nas mesas dos cafés e profusamente distribuídos por todo o concelho, ou ainda com os porcos no espeto oferecidos às populações de várias freguesias, numa competição desenfreada com o PS a ver quem tinha mais porcos e esferográficas. Claro que neste campeonato não podiam ter lugar os pelintras dos comunas e dos bloquistas que nem dinheiro tinham para mandar fazer panfletos suficientes com as fotografias dos candidatos às freguesias.

Também merecem parabéns os designers gráficos e demais responsáveis pela campanha autárquica do PSD em Viseu, que souberam aliar o espírito gregário presente no slogan “Viseu somos todos nós” (fazendo lembrar o outro: “Quem não é por nós, é contra nós”.) com o culto da personalidade do chefe (o único rosto da equipa da Câmara que apareceu nos cartazes).

Parabéns a todos. Os que perderam ganhando e os que ganharam perdendo, como diriam os gatos fedorentos. Quanto aos bloquistas, nem perderam, nem ganharam, empataram, já que não conseguindo aumentar o número de deputados municipais, mantiveram o que tinham. A luta continua! E daqui a quatro anos Fernando Ruas vai mesmo para a rua, sem luta, mas deixando à cidade mais do que uma obra, um milagre: uma praia fluvial no Pavia."

Texto publicado originalmente no Via Rápida
3 comentários:

Azia eleitoral?


Cutilante e certeiro... Gostei!


Cutilante e Certeiro. Gostei!


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