A lança dos neo-conservadores portugueses acabou por ficar a meio da tarefa de transformar o Público numa espécie de Fox News da imprensa escrita portuguesa. E Belmiro fez bem em não querer fazer o papel de Murdoch, até porque as vendas iam caindo a pique.
Fica aqui um texto que nunca cheguei a escrever. Escreveu-o Teixeira Lopes no esquerda.net, e fê-lo com mestria:
O “Público” de José Manuel Fernandes
Não é vendetta, o que me move, apesar da persistente desonestidade intelectual com que brindava o Bloco de Esquerda, um dos seus inimigos de estimação. É a análise política, que, por mais estrutural que se pretenda, não prescinde dos homens e das mulheres...
Vou falar de José Manuel Fernandes e de como um neoconservador, servo fiel, como poucos, às políticas do extremismo republicano, dos EUA, se apropriou, como Director, do rumo editorial e ideológico de um dos principais jornais de "referência", divorciando-o do universo cultural e simbólico da maioria dos seus leitores.
Nunca saberemos tudo sobre a agenda mais ou menos oculta de José Manuel Fernandes. Mas lembro-me, em particular, da sua alegria bacoca quando os Estados Unidos invadiram o Iraque e chegaram a Bagdad. Nunca li ou escutei um único lamento autocrítico dessa águia feroz que, nos editoriais do Público, um após outro, clamava por mais Guerra e mais sangue. Contra o Irão, se necessário fosse. Contra quem quer que ousasse contrariar o império.
Não me esquecerei, tampouco, da sua transformação, em uníssono com Pacheco Pereira, seu alterego e, suspeito, subdirector clandestino do Público, em ideólogo-mor do PSD (que, teimosamente os deixou de escutar, ao verificar que o seu prazo de validade ideológico há muito se esgotara) e em luz da segunda vida do cavaquismo, ao ponto de ter servido, miseravelmente, como pombo-correio de golpes de estado de salão.
Não apagarei, igualmente, as delirantes referências à distopia de um mercado livre; os elogios às privatizações; o nauseabundo favorecimento dos lobbies das escolas privadas.
Mas o mercado nada sabe de honra e até os Azevedo se devem ter fartado com a queda abrupta das tiragens. Pelo meio, dezenas de trabalhadores despedidos, entre os quais muitos jornalistas. Os que foram poupados, viram os seus ordenados reduzidos, enquanto administradores, como José Manuel Fernandes, eram recompensados com generosos prémios.
Não, ele não é o herói destemido em personagem de jornalista de guerra na Guiné-Bissau. Não, ele não se transformou, do dia para a noite, num soldado raso do jornalismo, como afirma no seu patético editorial de despedida. Estejamos atentos. A carreira de José Manuel Fernandes não acabou. Mas leio o Público com outro prazer!
João Teixeira Lopes
Fica aqui um texto que nunca cheguei a escrever. Escreveu-o Teixeira Lopes no esquerda.net, e fê-lo com mestria:
O “Público” de José Manuel Fernandes
Não é vendetta, o que me move, apesar da persistente desonestidade intelectual com que brindava o Bloco de Esquerda, um dos seus inimigos de estimação. É a análise política, que, por mais estrutural que se pretenda, não prescinde dos homens e das mulheres...
Vou falar de José Manuel Fernandes e de como um neoconservador, servo fiel, como poucos, às políticas do extremismo republicano, dos EUA, se apropriou, como Director, do rumo editorial e ideológico de um dos principais jornais de "referência", divorciando-o do universo cultural e simbólico da maioria dos seus leitores.
Nunca saberemos tudo sobre a agenda mais ou menos oculta de José Manuel Fernandes. Mas lembro-me, em particular, da sua alegria bacoca quando os Estados Unidos invadiram o Iraque e chegaram a Bagdad. Nunca li ou escutei um único lamento autocrítico dessa águia feroz que, nos editoriais do Público, um após outro, clamava por mais Guerra e mais sangue. Contra o Irão, se necessário fosse. Contra quem quer que ousasse contrariar o império.
Não me esquecerei, tampouco, da sua transformação, em uníssono com Pacheco Pereira, seu alterego e, suspeito, subdirector clandestino do Público, em ideólogo-mor do PSD (que, teimosamente os deixou de escutar, ao verificar que o seu prazo de validade ideológico há muito se esgotara) e em luz da segunda vida do cavaquismo, ao ponto de ter servido, miseravelmente, como pombo-correio de golpes de estado de salão.
Não apagarei, igualmente, as delirantes referências à distopia de um mercado livre; os elogios às privatizações; o nauseabundo favorecimento dos lobbies das escolas privadas.
Mas o mercado nada sabe de honra e até os Azevedo se devem ter fartado com a queda abrupta das tiragens. Pelo meio, dezenas de trabalhadores despedidos, entre os quais muitos jornalistas. Os que foram poupados, viram os seus ordenados reduzidos, enquanto administradores, como José Manuel Fernandes, eram recompensados com generosos prémios.
Não, ele não é o herói destemido em personagem de jornalista de guerra na Guiné-Bissau. Não, ele não se transformou, do dia para a noite, num soldado raso do jornalismo, como afirma no seu patético editorial de despedida. Estejamos atentos. A carreira de José Manuel Fernandes não acabou. Mas leio o Público com outro prazer!
João Teixeira Lopes
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